domingo, 29 de maio de 2011

Resíduos

Carlos Drummond de Andrade

(...) Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.
(...) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
(Resíduo)

Sobre Carlos Drummond de Andrade

BIOGRAFIA RESUMIDA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Carlos Drummond de Andrade C:\Documents and Settings\Administrador\Meus documentos\Downloads\caricatura cda nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.

Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil.

O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros deDrummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente, contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar.

Vem daí o rigor, que beira a obsessão. O poeta trabalha sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo. EmSentimento do mundo (1940), em José (1942) e sobretudo em A rosa do povo(1945), Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras-primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre.

Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa.

Em mão contrária traduziu os seguintes autores estrangeiros: Balzac (Les Paysans, 1845; Os camponeses), Choderlos de Laclos (Les Liaisons dangereuses, 1782; As relações perigosas), Marcel Proust (La Fugitive, 1925; A fugitiva), García Lorca (Doña Rosita, la soltera o el lenguaje de las flores, 1935; Dona Rosita, a solteira), François Mauriac (Thérèse Desqueyroux, 1927; Uma gota de veneno) e Molière (Les Fourberies de Scapin, 1677; Artimanhas de Scapino).

Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade. C:\Documents and Settings\Administrador\Meus documentos\Carlos Drummond.doc

sexta-feira, 27 de maio de 2011

RELATÓRIO DA ALUNA LETÍCIA - TURMA 61 - SOBRE O TRABALHO DE CAMPO À ITABIRA

Trabalho de Campo
Itabira/MG
Na preparação da tão esperada excursão à Itabira, nós ficamos muito entusiasmados. Começamos a estudar sobre os poemas de Carlos Drummond. Estávamos muito curiosos para conhecer mais sobre o autor.
Convidamos a Dadá Lacerda para nos dar uma palestra sobre Carlos Drummond. Aprendemos muito sobre Itabira, sobre o poeta sobre e sua família, seus irmãos, seus poemas, sua cidade. Foi uma maravilha. Espero que tenha mais trabalhos como este ao longo do ano.
Em Itabira, nós ficamos surpreendidos, pois vimos muito mais coisas do que o esperado, mas o tempo era curto. Foi ótimo. Vimos a gruta, a praça com o primeiro trem que saiu de Itabira com minério, a casa de Carlos Drummond, a fazenda onde seu pai passava o dia. Vimos o tão esperado Pico do Amor que foi o melhor de todos, pois lá temos a vista de aproximadamente 80% de Itabira e foi muito legal. Foi uma das melhores excursões da minha vida. Tenho certeza que não esqueço nem de Itabira nem de Carlos Drummond Andrade e suas poesias.
Achei esse Trabalho de Campo interessante, pois é algo diferente, além da diversão, também podemos aprender mais sobre muita coisa e saber que podemos aprender e nos divertir ao mesmo tempo. Espero que tenha mais oportunidades.
Gostaria de agradecer a professora Cláudia Lopes, por ter organizado esse trabalho maravilhoso com a ajuda da supervisora Claudinha e também os professores Edilson, Maria Ângela, Rosana, a direção Marcos e Celeste, a Dadá, por ter sido uma ótima guia e a Drumonsinha, Karen.

Obrigada,
Letícia.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Carlos Drummond de Andrade - Rio de Janeiro

Caricatura de Carlos Drummond de Andrade

Amor

NÃO DEIXE O AMOR PASSAR


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.
Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 19 de maio de 2011

EU NÃO SABIA QUE A NOSSA HISTÓRIA ERA MAIS BONITA QUE A DE ROBINSON CRUSOÉ

Infância



Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras.
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu...Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro...que fundo!

Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

Carlos Drummond de Andrade

Trabalho de Campo - Itabira 2011

Itabira - Cidade natal de Carlos Drummond de Andrade.

Os estudantes do Sétimo Ano, do Ensino Fundamental, bem como os professores: Língua Portuguesa, Cláudia Lopes; História, Maria Ângela; Geografia, Edilson, Rosana da Administração e a Supervisora Cláudia Helena, realizaram um trabalho de campo à cidade de Itabira, acompanhados da expert nos Caminhos Drummondianos, Dadá Lacerda. Desta vez, contratamos os Drumonzinhos para declamar as poesias. Foi um espetáculo. Mais uma vez, reforçou a ideia de que não bastam as informações, o que realmente marca a vida de um estudante é a vivência. Esta, é que faz o conhecimento se tornar real.

Parabéns Equipe de professores e coordenadores. Parabéns alunos do Virgílio, que como sempre brilharam! Espero ter muitos momentos como esse juntos.

Até a próxima aventura!


Cláudia Lopes